quinta-feira, 25 de novembro de 2010

"Crônica" do Adultecer


Faz tempo, né... Trago esse texto que eu escrevi há algum tempo, sobre os conflitos (meus) do adultecer. Vivo agora algo um pouco próximo, mas nem de longe com a mesma magnitude. Divirtam-se!

Quando se é criança, a gente imagina que quando tiver vinte e poucos anos
vai ter um bom emprego, ganhar um dinheiro razoável, um carro do ano,
uma casa legal, talvez um marido e, quem sabe, até estar pensando em ter
filhos. Então, um belo dia, PIMBA!
Você acorda com vinte anos, ainda está na faculdade, mora na casa dos seus pais, está é longe de ter uma casa só sua e todo o dinheiro que você tem é o que eles lhe dão. 
Alguns até tiveram a sorte de ganhar deles um carro, têm um
pouco mais (ou um pouco menos) de coisas na cabeça, aprenderam a ir
sozinhos ao médico, mas são a mesma pessoa, exatamente com o mesmo
coração que tinham aos sete ou oito anos.
É estranho pensar que passou tanto tempo e tanta coisa permanece
exatamente da mesma forma. Você cresceu, óbvio! Tirou os documentos
(agora está devidamente qualificada como uma cidadã que elege seus representantes, responde legalmente por seus atos e pode até ir dirigindo pra onde quiser – desde que não roube um carro!). Na real você tem 2.0, mas por dentro você se sente exatamente igual a quando tinha dezesseis.
Os sonhos ainda são os mesmos, as expectativas também. Não houve nenhuma ruptura brusca, nem aulas pra lhe ensinar a agir agora que você é adulto.
Adulta. Essa palavra pesa tanto!
É confuso também. Ter que decidir o que fazer, assumir e consertar os erros, tomar as rédeas da própria vida e não poder culpar ninguém se der tudo errado. Nem se culpar... Escolher que pessoas vão fazer parte da sua vida, e por quanto tempo. Abdicar ou não dos desejos de antigamente, só pra ficar mais tempo vendo o mundo com olhos diferentes e ainda sim não se decepcionar com os resultados.
Escolher uma entre as milhares de trilhas da vida pra chegar num lugar totalmente novo, ou não, só pra sentir e ver a beleza do caminho. Ficar com a bicicleta velha, trocar por uma nova.. Ou até desistir das bicicletas..
É tão difícil...
E não estamos preparados pra isso!
O mundo inteiro mudou, mas a gente tava tão preocupado em ser adolescente que não se deu conta. Os vizinhos já não são os mesmos, nem a melhor amiga o é. Os lugares preferidos foram mudando e você nem se deu conta. Agora, quando você volta lá, olha em volta e pensa “pqp... aqui só tem criança!”. Então você percebe que sempre fora assim, mas antes você era uma delas. E você já não sabe para onde ir porque as coisas já não são mais como eram antigamente.
Os rolinhos de um mês e pouco deram lugar aos relacionamentos complicados e duradouros. Seu maior dilema não é contar aos pais que está com um carinha novo, mas decidir se a relação já está séria o suficiente pra apresentar as famílias.
Não é mais tão simples como nos tempos do colégio, quando dizíamos: “estou só namorando, não marcando o casamento”. Agora, que estamos ficando mais velhos, sempre há que se pensar: “será que será um bom marido? Será que quer ter filhos? Será que tem o suficiente pra lidar com meus traumas?”. Tudo isso porque a convivência aumenta, e o nível de intimidade também.
Tem horas que dá até vontade de jogar tudo pro alto e sair pelo mundo com a casa nas costas. Mas, e aí? Vai viver de quê? Você já adquiriu à essa época a consciência de que se alimentar, vestir e calçar são necessidades básicas e que seus pais não vão viver e te sustentar o resto da sua vida.
É o segundo trauma do “adultecer”...
Se todo mundo soubesse disso enquanto criança, os planos mudariam de “quando eu tiver vinte anos...” para “eu sendo a criança a vida inteira...”.


É isso.

By JuhR.

2 comentários:

Nay Almeida disse...

é.. adultecer sucks... hehehe

bom texto, expressou bem um dos pontos críticos dos vinte e poucos

criscapobianco disse...

Gostei de seu texto e de seu blog.
Você conhece nosso site www.vidadejovem.com.br
Gostaria de colocar um link sobre este texto, é possível?
Obrigada,
cristina capobianco